Revolvendo meus pertences, encontrei esta foto tirada em meu quarto no ano passado em Reading, Pensylvânia, quando lá estive em um tempo de Graça e aprendizagem. Muito espaço, comodidade, segurança e serenidade... Incontáveis vezes, sentava naquela poltrona e contemplava a neve que pousava silenciosamente em minha janela, fazia frio e escurecia e eu então, aquecia uma água e sovava o mate - tradição gaúcha para vencer a solidão em outras estâncias.
Conheci pessoas queridas, as quais jamais meu coração deixará de visitar.
Hoje, observando a foto deste quarto, volto meu olhar para o quarto em que me encontro, a diferença é estarrecedora. Minúsculo, desconfortável, inseguro, e de um barulho infernal que invade de fora e faz com que as paredes estremeçam.
Hoje, observando a foto deste quarto, volto meu olhar para o quarto em que me encontro, a diferença é estarrecedora. Minúsculo, desconfortável, inseguro, e de um barulho infernal que invade de fora e faz com que as paredes estremeçam.
Mas não estou lastimando esta mudança.
Reflito agradecida a metamorfose que vem ocorrendo dentro de mim, da maturidade que as escolhas e os diferentes espaços estão em mim realizando. Aqui também há pessoas queridas.
Não observo mais a neve - imagem indescritível, acolho hoje a parede do muro que sufoca minha atual janela e, pelas frestas dele, percebo a claridade da noite que insiste em me visitar, talvez, por saber o quanto almejo a mesma.
E quando a tristeza tenta me vencer neste tempo de travessia, murmuro para mim mesma a frase de Santo Agostinho: "Você precisa se esvaziar do que acumulou dentro de si, para poder se preencher com aquilo de que você está vazio".
E quando a tristeza tenta me vencer neste tempo de travessia, murmuro para mim mesma a frase de Santo Agostinho: "Você precisa se esvaziar do que acumulou dentro de si, para poder se preencher com aquilo de que você está vazio".