Houve um tempo em minha vida em que todo dia era Domingos, hoje, o nome do dia da semana não importa mais... Beijo e abraço cada um deles com a sensibilidade de quem espera com uma doçura louca, santa e lúcida o último. Contemplo os dias como indígenas em oração diante dos mistérios de uma Natureza continuidade do ser.
segunda-feira, 31 de janeiro de 2011
domingo, 30 de janeiro de 2011
O mistério de nossa finitude
Éramos três irmãs em minha família: Rosângela, Roselaine e eu. Irmãs sempre distantes, com escolhas, opções tão diferentes, mas, jamais desunidas.
Em dezembro de 2010, minha irmã mais velha, Rosângela, faleceu.
Dezembro, tempo tão significativo, tempo de arrumar a casa com enfeites natalinos, presentes, luzes, cores, acender velas, preparar a ceia e acompanhar o Advento (tempo de espera do Novo). Mas, ao contrário de acolhermos o Menino Jesus ou o Papai Noel, como quando éramos crianças, na porta de nossa casa, a morte se vez visitante inesperada.
Foi minha irmã que me inspirou a escrever este texto sobre o mistério de nossa finitude. Somos finitos, palha, cisco existencial na poeira de dias que construimos e, ilusóriamente acreditamos dar sentido. Somos tolos que se apegam a mesquinharia das circunstâncias, desejos, mágoas, afetos desordenados... Somos humanos e insistimos em esquecer esta realidade.
Jamais esquecerei o riso de quem debocha da vida e das lutas do cotidiano que ela sempre trazia consigo, da irrelevância diante das preocupações e da cumplicidade com seus vícios. Em uma de minhas idas e vindas ao hospital comecei a "arrumar" o quarto em que ela estava, administrando a dor com minhas neuras pessoais, e ela me estendeu a mão, quase num fio de voz me provocando disse: "Deixa de ser neurótica, senta aqui, fica do meu lado, vamos fumar um cigarrinho?!"
Eu não parei e, ainda repreendi a idéia do fumar, palmas para minha douta ignorância.
É preciso administrar com lucidez a finitude dos dias, serenidade e paixão de mãos dadas devem acolher nossos passos na imanência de nosso viver. O tempo é agora, o amanhã jamais será eterno. Quando minha irmã fechou os olhos, ela abriu minha mente e coração para o resto de meus dias. Saudades e gratidão até, quem sabe, o reencontro.
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