domingo, 28 de fevereiro de 2010

About gods by Weil


"It is not up to us to believe in God, but only to not grant our love to false gods".
(Simone Weil)

Suspendamos o juízo e ouçamos Russell

Como não apreciar um sábio em sua lucidez finita, a sua busca em desvelar, através do conhecimento, questões acerca da vida, Deus,  dogmas e religião? Neste universo plural de significados e supostas certezas, me resta apenas, por enquanto, suspender o juízo e aprofundar o assunto...
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Compreender o fenômeno da religião segundo Dennet - O início

A religião é considerada pelo filósofo Daniel Dennet, um  importante tópico que precisa ser investigado. Composta de uma variedade de fenômenos que diferem e surgem em diferentes circunstâncias e implicações, a "essência" da religião é constantemente questionável. Dennet chama as religiões de sistema social cujos participantes confessam a crença em um agente ou agentes sobrenaturais cuja aprovação eles buscam.
Uma definição sujeita a revisão, ponto de partida apenas, pois, de acordo com esta definição, um devotado fã clube de Elvis não é uma religião, porque embora os membros adorem Elvis, ele não é considerado literalmente sobrenatural. É preciso em nossos dias analisar as religiões com um microscópio grande-angular biológico e social examinando assim, fatores ao longo de grandes extensões de espaço e de tempo que moldam as experiências e ações de pessoas individualmente religiosas.
A religião é, como foi para Sócrates em seu tempo, algo muito interessante para que nos mantenhamos ignorantes a seu respeito, ela afeta nossos conflitos sociais, políticos e econômicos e, principalmente, o significado que damos para nossas vidas. Segundo Dennet, é imperioso que aprendamos o máximo que pudermos a respeito, assim, atingiremos um melhor entendimento se tentarmos compreender melhor, o desafio de espiar o abismo e olhar, examinar , estudar o fenômeno natural da religião com olhos da ciência contemporânea. Convite irrecusável diria Sócrates...

sábado, 27 de fevereiro de 2010

O acalanto do Fado ao sabor do chimarrão

A catarse de meus dias se dá através da escuta de um bom fado e no sovar de um chimarrão, solitariamente ou acompanhada por bons amigos. É cultivar a terra de minhas raízes adormecidas e regar a mesma com as lágrimas de um cotidiano tão frágil de sonhos e lucidez. É acolher em si a riqueza de muitas cidadanias e permitir, nesta pluralidade de emoções, refletir honestamente sobre meus caminhos...
O fado abaixo intitulado Cavaleiro Monge é inspiração perfeita para quem almeja lançar-se por venturosos caminhos no cotidiano existencial do além supérfluo...

A sabedoria dos provérbios japoneses

" Queime a ponte que você acabou de atravessar"(Masaharu Taniguchi).
Não lamente ou suspire saudosamente a travessia realizada, lance o olhar rumo a aventura do caminho que se abre, sorria pelo aprendizado adquirido e ofereça páginas em branco para o novo que se apresenta.
O tempo é o agora e as sandálias, mesmo gastas dos velhos percursos  percorridos, consegue enfrentar ainda, sem dúvidas, o que encontrarmos nas novas estradas.
O passado vivido é agora supérfluo, o fogo do tempo irá devorá-lo, deixe a ponte queimar e avance... o horizonte é possibilidade, profundo mistério que aguarda.

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Poesia e razão em Nedel

Qual foi minha alegria ao receber no Natal de 2009 um livro autografado de um querido amigo, professor de ética, que reuniu delicadamente em sua obra: poesia e razão. Páginas de sensibilidade, harmonia, fluência e provocações para o nosso cotidiano tão  empobrecido de natural sabedoria. Abaixo, uma das poesias, a qual, no período em que recebi o presente, muito me revelou. Obrigado professor  José Nedel.

Máscaras
As tentativas sempre renovadas
De remover as máscaras alheias
O temor nos comprovam, a mancheias
De termos nossas próprias arrancadas.

" O nosso mundo civilizado não passa de uma grande mascarada" (Shopenhauer, 1964)

Ethics today

O julgamento moral é ingrediente inevitável em nossas vidas, entretanto, desde os séculos XVIII e XVII, uma desorientação ética resultante do declínio do religioso lançou a sociedade numa situação histórica caracterizada pela abertura e desorientação acerca da reflexão moral e ética.
O que sustenta afinal a consciência moral contemporânea? Ernst Tugendhat filósofo contemporâneo nos dá algumas pistas ao afirmar que a moralidade, não está mais sendo amparada por um fundamento absoluto, mas, sobre um tecido complexo de fundamentos e motivos constituídos pelo princípio da pergunta.
É preciso intensificar em nossos dias a busca de obter clareza sobre si mesmo e sobre o próprio comportamento, cultivar uma exigência moral que anseie em deixar de ser irracional, inconsistente.
O filósofo se lança no objetivo de superar relativismos presentes em convicções morais. Almeja o abandono da moral em sentido habitual que conduz à ilusão para desvelar uma compreensão não transcendental da fundamentação de juízos morais.
É a possibilidade diante do relativismo hodierno de falar da moral como um sistema de exigências mútuas calcado na simetria de validade das justificações. É o encontro de uma bifurcação que nos aponta alternativas fundamentais de nossa autocompreensão e do viver eticamente.

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

A busca de justificação da caridade

Já na antiguidade, sábios como Ovídio afirmavam o quanto "nós todos somos hábeis para nos enganar". Em nossos dias de incertezas e complexidade, o sujeito que surgir munido de vasto currículo, bagagem empoeirada de especializações, seminários e cursos, massagear certos egos e prometer o inusitado: conduzir a juventude rumo ao altruísmo e a cidadania através do pastoreio de seus egos, poderá receber a promoção de semideus em alguns espaços... ah, nossa douta ingenuidade...
Assim, a nova cultura hodierna vai se fortalecendo, cultura do desenvolvimento individual que enfraquece no sujeito contemporâneo, valores e deveres em relação a si e a sociedade maturamente. Emerge com força total a caridade com nova roupagem, através de uma boa intenção da moral sem obrigação ou sanções em um voluntariado de espetáculos breves e em shows de cidadania. E a juventude, como na Grécia Antiga, se encanta e segue hipnotizada pela retórica de sofistas contemporâneos. Sem ofensas aos sofistas da antiguidade, estes eram mais precisos em seus objetivos para com a juventude...
Eles anseiam pelo novo,  participam, colaboram, contribuem, mas, pouco refletem sobre o porquê, os motivos, as justificações destas ações, são cegos guiados por cegos.
Certamente, muitas propostas de solidariedade são louváveis quando conduzidas em um processo formativo que desperte e comprometa. Ações que não atrofiem consciências, mas, apurem os sentidos na real direção do outro, numa comunhão simétrica do cuidado de si, do próximo e da casa comum que ambos partilham.
É a busca pela justificativa do auxílio caritativo, desafio de superação da erosão social do ideal altruísta o apelo de nossos dias. É educar na profundidade o cidadão do hoje que segundo  Lipovetsky "não é mais egoísta que em outras eras, mas que, despudoradamente não titubeia em pôr a nu o caráter individualista de suas preferências", não que isso seja imoral ou ruim, pois não elimina preocupações éticas e as possibilidades de uma educação do ego que faça a mesma florescer em abundância com firmes raízes de solidarismo e não através da bondade de ocasião, inconsistente, indolor e supérflua. Fim da auto-enganação. Seremos capazes?