Estar diante de jovens em nossos dias é como confrontar-se com a Esfinge procurando decifrar seu enigma antes de ser devorado pela mesma. Não há juventude, existem juventudes, cada uma delas com características próprias numa pluralidade cuja essência talvez seja a mesma.
Jovens "adestrados" pelos muros da instituição escola ou família com suas rebeldias limitadas até àqueles que "soltos na vida" agridem e almejam internamente por um limite, todos eles, sem distinções, se revelam frágeis seres que carregam diante de si, uma blindagem para protegerem-se do nosso adultocentrismo que insiste em ousar conduzí-los por caminhos nem sempre por eles almejados.
Não somos "pastores" de um rebanho sem rumo, que segue cegamente a voz de comando de nossa tola sabedoria, não devemos ser "carcereiros" das grades que a sociedade erguera em torno do mistério juventude. Sejamos neotéfilos, amigos da juventude apenas, companheiros de jornada nesta estrada chamada pós-modernidade a qual, para todos nós, tornou-se incerta, mas, também surpreendente.
Não há palavras para descrever o sentimento de inércia diante de um jovem que afirma não ter expectativa alguma com a vida, de presenciar em suas atitudes destrutivas, o grito silencioso de socorro. Em seu rosto, a juventude se perdendo num envelhecer cotidiano da desesperança. Os olhos expressando a indignação para com uma existência vazia, solitária, ferida...não há pais, educadores, sacerdotes, deus, amigos, futuro...tudo oscila e convida ao adormecer infinito, fuga desesperada das manhãs sem sentido. Drogas.
Diante destes jovens, com toda minha "ilusória bagagem cultural" e boa vida, me sinto nua, pobre, tola e inútil, mas não me deixo vencer pelo desânimo e cansaço que me afligem nestes dias, porque sei, sinto o quanto é preciso "apostar" na vida.
E assim como Pedro e João, diante do aleijado da porta do Templo (AT 3, 1-10) estendo minhas mãos para estes jovens e digo: "Ouro ou prata eu não tenho, mas o que eu tenho, isso te dou..." ansiosa para que, como nesta bela passagem das Escrituras, o jovem possa superar a si mesmo e sair pulando, cantando e agradecendo o simples existir.
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